Como a Tecnologia Afeta a Saúde Mental? Reflexões e Dicas para o Equilíbrio
Recebemos Waleska Pires, especialista em saúde mental, para um bate-papo fundamental sobre a influência da tecnologia no nosso bem-estar emocional. À medida que vivemos uma era hiperconectada, aumentam as discussões em torno dos impactos positivos e negativos da internet na vida de crianças, adolescentes e adultos.
Tecnologia desde a infância: oportunidades e perigos
Walesca destaca que, atualmente, é comum vermos crianças a partir dos seis meses tendo acesso a celulares e tablets. Essa exposição precoce, segundo ela, pode impactar significativamente a saúde mental, aumentando os níveis de ansiedade e estimulando excessivamente o sistema de recompensa do cérebro, especialmente pela busca constante por curtidas, visualizações e aceitação em redes sociais.
Crianças e adolescentes, inseridos nesse universo, tendem a aumentar os níveis de comparação social e buscam validação o tempo todo, o que pode torná-los mais vulneráveis à manipulação, seja por pessoas quanto por grupos que sabem explorar essas fragilidades.
Ansiedade em alta e o papel da velocidade da informação
Uma preocupação crescente é o aumento do nível de ansiedade não só entre jovens, mas em toda a população. O ritmo acelerado das informações faz com que queiramos respostas e resultados cada vez mais imediatos. “Hoje, mensagens de qualquer parte do mundo chegam em segundos, enquanto os processos internos de desenvolvimento pessoal continuam lentos”, explica Valesca. Isso gera frustração, estresse e uma sensação constante de urgência.
A Sociedade Brasileira de Pediatria, inclusive, recomenda que o tempo de exposição a telas seja restrito, especialmente para os pequenos, como forma de prevenir problemas de saúde mental.
Como encontrar equilíbrio em meio ao caos digital?
Com a tecnologia evoluindo a passos largos e irreversíveis, encontrar equilíbrio emocional se torna um desafio. Segundo Valesca, o segredo está em cultivar pequenas rotinas que promovem o autocuidado: estabelecer horários fixos para dormir, comer bem, reduzir o consumo de açúcar e praticar atividade física. Tudo isso contribui para reduzir o estresse e fortalecer a mente.
Outro ponto importante é saber lidar com relações tóxicas, sejam familiares, amorosas ou profissionais. “O ambiente nem sempre muda, mas nós podemos mudar nossa postura diante das situações. Estabelecer limites claros e buscar conversas honestas são passos essenciais para manter a saúde mental”, orienta.
Protegendo-se de manipulações e extremismos nas redes
Nas redes sociais, muitas vezes somos alvos de grupos que podem manipular opiniões de maneira estudada ou deliberada, como movimentos políticos, religiosos ou até de entretenimento. A dica da especialista é evitar extremos, buscar diferentes visões e sempre filtrar as informações recebidas — afinal, nem tudo o que chega até nós é verdadeiro ou saudável.
O maior investimento: amor-próprio e autocuidado
Para uma saúde corporal e mental fortalecida, Valesca recomenda investir no amor-próprio. Isso se traduz em cuidar de si, buscar alimentação balanceada, incluir atividades físicas na rotina (mesmo que por poucos minutos dias), desenvolver o autoconhecimento e praticar o autoperdão. O perdão, aliás, é essencial para não carregar mágoas e seguir em frente com leveza.
“A espiritualidade, não necessariamente ligada à religião, também pode ser um caminho de autocuidado e autoconhecimento, ajudando a dimensionar os desafios da vida de forma mais suave”, completa.
Um simples exercício para acalmar a mente
Ao final, fica uma dica prática: reserve alguns minutos diários para respirar profundamente e praticar a meditação. Esse hábito simples ajuda a diminuir a importância dos pequenos problemas e concentra nossa energia no que realmente faz sentido.
Conclusão:
Cuidar da saúde mental em tempos de tecnologia exige consciência, disciplina e, acima de tudo, gentileza consigo mesmo. Filtre as informações, invista em sua rotina de autocuidado e lembre-se: equilíbrio é a chave para uma vida mais saudável e plena.
